- Assessoria de Comunicação
Educação e a falta de incentivos: os desafios para a prosperidade no Brasil
Atualizado: 19 de fev. de 2021
Mais do que não educar empreendedores e líderes, o país tampouco oferece incentivos para mudar essa realidade.
É um problema ainda muito enraizado na nação, mas um primeiro passo para a mudança é saber mais sobre esses desafios e se questionar: o que poderia ser diferente?

A Educação é o maior problema do Brasil?
Como diz a UNESCO, “o objetivo da Educação é contribuir para que o indivíduo encontre seu verdadeiro potencial e/ou ajudar a construi-lo. Além disso, a Educação também se concentra nos valores, atitudes e comportamentos que permitem a todos aprender a viver pacificamente juntos no mundo”.
Uma pessoa sem instrução não pode ler e escrever e, portanto, está fechada a todo o conhecimento e sabedoria que pode obter através de livros e outros meios.
Em outras palavras, ela é desligada do mundo exterior.
Por outro lado, um homem educado vive em uma sala com todas as janelas abertas para o mundo exterior.
Portanto, uma boa Educação decidirá o futuro de um indivíduo, de uma sociedade e, consequentemente, de um país.
O direito à Educação foi consagrado pela primeira vez em nossa Constituição Federal de 1988 como um direito social (artigo 6o da CF/88). Porém, ter na constituição que a Educação é um direito não a torna disponível magicamente com a qualidade necessária para todos.
Aproximadamente 95,3% das crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos frequentam regularmente a escola (EBC 2019). Isso significa que aproximadamente 50 milhões de crianças e adolescentes ocupam as escolas do país. Logo, recursos estão sendo gastos, pois essas crianças estão frequentando a rede de ensino, mas os resultados não estão sendo alcançados.
Dado o que gastamos com Educação, temos um retorno adequado?
O setor público, atualmente, gasta 5,4% do PIB em Educação, acima da média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da América Latina.
No entanto, enquanto a Colômbia, o México e o Uruguai gastam menos por estudante do que o Brasil, esses países apresentam melhor desempenho nos testes Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) da OCDE, sugerindo que há espaço para melhorar a eficiência dos gastos.
Na avaliação do Pisa em 2018, o Brasil ficou na 65ª colocação dentre os 79 países participantes, considerando a soma das médias obtidas em ciências, leitura e matemática. Já escolas de elite brasileira avaliadas isoladamente estão em 5º lugar no Pisa.
O que poderia ser feito diferente para mudar os resultados?
Qualquer que seja a causa, deve-se dar um passo atrás e tentar enxergar uma fotografia maior, não só da Educação, mas do pensamento estratégico.
Deve-se ter um quadro claro :
Do que você vai fazer
Por quê
Como
Caso contrário, vai gastar tempo, dinheiro e perder a oportunidade de mudar a vida de uma pessoa.
Para uma criança, será decisivo se ela recebeu uma Educação de qualidade. A oportunidade será maior ou menor.
Então, se fizer de qualquer jeito, não só estará jogando dinheiro fora, como também está gastando o tempo e a vida da criança e jovem – e isso não volta mais.
Ser eficiente é uma questão de ética. Deve-se fazer um planejamento visando o resultado, baseando-se em ações efetivas para resolver o problema.
Por que o sistema educacional brasileiro é falho?
Histórico do país: em 1950, tínhamos 50% de analfabetos; nesse mesmo ano a Argentina tinha 14% e os EUA 3%. Atualmente, ainda temos 9% de analfabetos e 30% são analfabetos funcionais
Qualidade da Educação
Problema sistêmico (em todas as escolas)
98% das crianças no Brasil estão na escola, porém a qualidade de ensino é ruim
De cada 10 crianças que entram na 1ª série do ensino fundamental, só metade termina o ensino médio
Dos outros 50% que permanecem, de cada 10, apenas 3 sabem português (ler e compreender um texto) e só 1 sabe matemática (operações básicas)
Falta de planejamento, estudo e gestão
Insistência em manter uma metodologia sem resultados
O que a outra metade que não chega até o fim do seu período de ensino vão fazer?
Na melhor das hipóteses, eles irão para o mercado informal. Na pior, serão marginalizados (prostituição, drogas, roubo), pois até para os empregos formais mais simples são necessários alguns anos de estudo e ensino médio completo.
Consequências da ineficiência e da falta de resultado na Educação:
Perdemos vidas
Gasto de no mínimo 15 bilhões só do Fundeb, com alunos repetentes. O custo geral é bem maior, pois cada criança que deixou de aprender vai ser um dependente crônico do Estado
Perdemos em produtividade. Um estudante americano equivale a 5 brasileiros. Somos equivalentes aos japoneses de 1964
Custo econômico, social e político (voto errado)
Como obter resultados diferentes?
Porque os empresários quando vão fazer uma boa ação desligam o botão estratégico?
Eles deveriam manter esse botão ligado, pois o problema é em atacado, ou seja, em larga escala, e não será resolvido com medidas de varejo, artesanais.
Filantropia é algo bondoso, mas no momento, o Brasil precisa mais do que isso. Precisa de competência e resultado e precisa parar de terceirizar tudo para o governo, pois isso dá muito poder a eles.
A falta de incentivo é mais um obstáculo
Quer saber se o Brasil – ou qualquer outro país – está a caminho da prosperidade?
Faça 2 perguntas:
Se Mark Zuckerberg tivesse nascido no Brasil ele iria QUERER fundar o Facebook?
Se Zuckerberg quisesse criar o Facebook, ele CONSEGUIRIA fazer isso no Brasil?
A 1º pergunta se refere aos INCENTIVOS CORRETOS para os geradores de empregos: o país valoriza e dá os incentivos ao empreendedorismo no país?
A 2º pergunta se refere ao AMBIENTE DE NEGÓCIOS: o governo facilita ou atrapalha a vida de quem quer tirar a empresa do papel?
Essa seria uma maneira simples, mas eficiente, de descobrir se um país está na direção certa.
Se a resposta for “não” para uma das duas perguntas, estamos em um mau caminho.
No caso do Brasil:
1. Se Mark Zuckerberg tivesse nascido no Brasil ele iria querer fundar o Facebook?
Assim como os jovens mais promissores dos Estados Unidos vão para Ivy League (um grupo de universidades que inclui Harvard, Yale, Princeton etc.), nossos futuros engenheiros sonham em ir para o ITA, POLI-USP ou IME.
Até aí tudo bem. Mas é no começo da escolha profissional que começam as diferenças.
Logo no início do curso, nossos Zuckerbergs descobrem que um concurso para Auditor Fiscal tem um salário inicial de R$ 18 mil. Um concurso para advogado do Senado, R$ 30 mil. Enquanto isso, ele descobre que, na carreira privada, um salário de trainee nas melhores empresas é algo entre R$ 5 mil a R$ 7 mil.
Além do salário inicial maior, a carreira pública oferece estabilidade. Se vier crise, ninguém é demitido. Diante dessa escolha, o que um jovem faz?
Para ele, é a oportunidade de ter uma renda alta e estabilidade. A consequência é que viramos o país dos concurseiros. Os altos incentivos desses cargos sufocam a vocação empreendedora dos Zuckerbergs.
Mas vamos supor que ele quisesse deixar um legado e insistisse em empreender.
2. Se Mark Zuckerberg quisesse criar o Facebook, ele conseguiria fazer isso no Brasil?
Aí começaria a burocracia.
Leva 62 dias para abrir um negócio no Brasil (na Argentina são 12, para efeito de comparação)
Levamos 1.501 horas para pagar impostos (no Chile são 300 horas)
Ficamos em 124º no ranking de facilidade de fazer negócios de 190 países
Ou seja, no Brasil, a resposta para as duas perguntas iniciais é NÃO e NÃO: não há os incentivos corretos ao empreendedorismo. Aqueles poucos que decidem seguir esse caminho são atrapalhados diariamente e precisam pedir licença para gerar emprego. Mudar isso é trabalhoso.
Mas podemos começar por:
Acabar com o prêmio salarial de 96% do funcionário público federal em relação ao privado na mesma função
Facilitar, e não atrapalhar, a vida do gerador de emprego
Investir em uma Educação que forme empreendedores, e não empregados
E aí, talvez, teremos o SIM para as duas respostas. Não é tudo, mas é um começo.
A Educação tem papel importante tanto para o indivíduo como para o país
Por meio da Educação, cada indivíduo aprende coisas novas, expande seus horizontes, aprende a questionar o certo e o errado, tomar decisões, reforçar a confiança, progressão em sua carreira e faz com que seus sonhos se tornem realidade.
Quando se tem pessoas bem educadas, os recursos são usados de forma mais eficiente, exercem seus deveres e cobram seus direitos, há uma vigilância para manter a liberdade, são menos dependentes do Estado e, como andam com as próprias pernas, contribuem com o crescimento do país.
Nosso mundo moderno se orgulha de reconhecer, pela primeira vez na história, a igualdade elementar entre todos os humanos, porém pode estar prestes a criar a sociedade mais desigual de todas.
Um país desenvolvido conseguirá capacitar as pessoas para que aprendam a trabalhar com as novas tecnologias, a aprender a reaprender, o que gerará mais riquezas. Já nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, isso pode ser o oposto, pois eles não conseguiram preparar sua mão de obra, e isso gerará mais pobreza e mais desigualdade.
Educação gera Educação e ignorância gera ignorância.
O economista Paul M. Romer foi agraciado com o Nobel ao demonstrar que o crescimento econômico se dá a partir do capital humano, gerando assim inovações, tecnologias, aumento da produtividade e bem estar social. Ou seja, com Educação.
Se queremos resultados diferentes para a Educação brasileira, devemos urgentemente modificar o que não está dando resultados positivos, tomar as rédeas da situação, deixando de terceirizar tudo para quem já provou sua incompetência.
Fonte: Blog do Vabo